O futuro é uma construção das nossas ações e situações do presente que, por sua vez, são possíveis segundo aquilo que vivenciamos ou com o que aprendemos no passado.
Nenhuma novidade até aí. No entanto, é comum lermos conteúdo na internet que são quase uma receita de bolo sobre o desenvolvimento da Educação. Essas publicações se limitam a projetar um único cenário — quase sempre vago — e nos dizer para segui-lo.
Este artigo se pretende diferente: para responder à pergunta que serviu de título dele, vamos precisar, primeiro, entender onde o Ensino a Distância no país está hoje.
Depois, vamos refletir sobre que tipo de futuro estamos construindo e, a partir dessas possibilidades, ver o que mudou, atrasou ou se acelerou com a pandemia. Ou seja, nas próximas linhas, você verá o futuro muito mais tangível que de costume.
O que o EaD representa no Brasil de hoje?
Segundo pesquisa publicada em 2019 pela plataforma Educa Insights, o público do Ensino a Distância é mais maduro e tem pouco tempo para estudar.
São pessoas com mais de 30 anos (66% dos entrevistados) que trabalham (82%), com renda familiar de até 3 salários mínimos (67%) e que ainda contribuem para o sustento de suas famílias (52%).
Repare que é um público muito homogêneo, já que são maioria em todas as categorias em que se enquadram. Isso quer dizer indireta ou diretamente que os fatores pesquisados (renda, idade e pouco tempo) são muito importantes para a opção desse público por estudar a distância.
Enquanto isso, ainda segundo a pesquisa, os estudantes presenciais são mais jovens em sua maioria, e não trabalham.
Essa afirmação parece ser confirmada pelo recente artigo da Google Academy, que demonstra como os descontos oferecidos pelas instituições são o quesito mais importante para o fechamento da matrícula.
São dados que colocam a acessibilidade financeira e de horários como fator principal na opção pela modalidade. Isso, por sua vez, dá a entender que ensino presencial e a distância não são necessariamente concorrentes do ponto de vista do público-alvo que almejam.
O impacto da pandemia e do isolamento social
Quando essa tendência já estava solidificada, veio a pandemia de Covid-19, que atirou o país na incerteza. Primeiro, passamos por um momento de paralisação do ensino e, em seguida, a quase totalidade dos estudantes foi obrigada a experimentar o EaD.
Uma suposição comum é a de que isso aumentaria o mercado consumidor potencial do Ensino a Distância, mostrando aos mais resistentes que os seus preconceitos para com o modelo não se aplicam.
No entanto, é necessário lembrar que a migração para o EaD foi feito forçosamente, às pressas e de uma maneira bastante improvisada. Em alguns casos, essa transposição desordenada pode contribuir para aprofundar a visão desconfiada das aulas virtuais.
Ou seja, a pandemia aumenta potencialmente o público consumidor desse segmento, mas é de se esperar que não rompa barreiras subjetivas que esse público possa ter. E os fatores renda e tempo continuam sendo os mais importantes.
Como vai ser o futuro do EaD pós-pandemia?
Existem segmentos muito diferentes de EaD, e eles pertencem a mercados muito distintos. Por exemplo, fazer previsões sobre a Educação Infantil fatalmente nos coloca uma perspectiva de pouco crescimento.
Falar sobre as universidades, por outro lado, tende a fornecer panoramas mais otimistas. O mercado desse setor é preenchido em 70% pela iniciativa privada. As faculdades públicas, é de se imaginar, devem retornar ao modelo presencial ao fim do período de isolamento social.
Em todo caso, alguns outros agentes devem entrar nesse jogo e, abaixo, vamos tentar conjugá-los, oferecendo possíveis “futuros alternativos” para inspirar seu planejamento e criatividade.
Crise, formação profissional e preço
Se se confirmar uma recessão econômica pós-pandemia, o poder de consumo do brasileiro, sobretudo dos estratos sociais mais vulneráveis, deve cair bastante.
Então, podemos supor um aumento no número de estudantes que se enquadram como consumidores potenciais do EaD: aqueles que têm renda mais baixa e menos tempo para se dedicar aos estudos.
Também a busca por formação profissional tende a crescer em momentos de crise, como fruto da maior concorrência por menos postos de trabalho. Então, universidades, cursos tecnólogos e profissionalizantes a distância podem ser beneficiados.
Competição e mercado consumidor
Outra projeção coerente é supor que, enquanto o mercado consumidor se amplia, também a oferta de cursos cresce.
De fato, muitas instituições fizeram sua migração para o Ensino a Distância durante a pandemia. Muitas delas eram pequenos cursos livres ou profissionais solos que ofereciam suas aulas e, forçosamente, migraram para a educação online.
Aparentemente, ainda não temos pesquisas que demonstram como esse setor cresceu durante a pandemia, mas nossas timelines no Instagram e Facebook foram tomadas por anúncios de infoprodutos educativos e aulas digitais. Resta saber se esses profissionais pretendem voltar à educação presencial ao fim desse período.
Não é exagero supor que eles devem permanecer online. O pequeno educador ou escola é o mais seduzido por custos menores e maior escalabilidade, e sua situação o coloca em uma posição em que arriscar é interessante e até desejável.
Enquanto reflete sobre a sua instituição, você está escrevendo os próximos capítulos desse mercado, e o melhor que se pode fazer é discutir possíveis cenários. Então, encare esse conhecimento como um exercício de adaptação.
Afinal, não é isso que temos feito nos últimos meses: reagir de maneira flexível a mudanças de paradigmas que, há alguns anos, pareceriam cenas de um filme de ficção científica?Seja como for, duas necessidades devem permanecer as mesmas: conseguir novas matrículas e evitar a evasão. Baixe abaixo o nosso guia de Matrículas no Pós-Pandemia – comportamento dos alunos no novo normal.