Imagine você mesmo contando a um proprietário de instituição de ensino, em meados de 2019, que o planeta viveria uma pausa de aproximadamente um ano.
“Daqui a pouco”, você diria a ele, “todos vão se recolher às suas casa sem escolha, e passarão a depender dos serviços de entrega e entretenimento para manterem-se alimentados física e mentalmente, espantando a fome, a sede e o tédio”.
Provavelmente não faria diferença voltar no tempo para adverti-lo, já que o cenário pareceria tão distópico que levaria à descrença. No entanto, ele é real, e vem servindo a pequenos, médios e grandes empresários — assim como a gestores de instituições de ensino — como uma boa lição de resiliência e criatividade.
A seguir, fazemos uma análise da importância do conteúdo nesse contexto, tentando colocar algumas possibilidades a seguir para a sua escola. Continue a leitura e veja alguns dados que coletamos e sua interpretação.
O conteúdo e a pandemia
Segundo Farah Diba Abrantes-Braga, professora e pesquisadora do Insper (instituição de ensino superior brasileira que atua nas áreas de negócios, Economia, Direito e Engenharia), foi o conteúdo que fez a diferença durante o isolamento social.
A educadora pontua que “um dos formatos mais relevantes de qualquer campanha de marketing digital em mídias sociais é a produção e distribuição de conteúdo”. E, completa Farah, não se trata de qualquer tipo de conteúdo: “deve ser algo que importa ou que resolva algum problema do cliente, indivíduo ou consumidor, afinal, em tempos de pandemia, empatia é a ordem”.
Então, assistimos (em alguns casos, literalmente) a um processo de intensificação e ressignificação do uso desse conteúdo.
Agora, mais do que nunca, ele se presta a entreter, quando é exibido por Netflix e Google, vender e solucionar problemas, quando é oferecido por grandes marcas, e instruir, quando o assunto é a própria pandemia de Covid-19.
No entanto, não é exagero dizer que a função de qualquer conteúdo sempre foi educar, em maior ou menor grau.
O entretenimento e o conteúdo
A audiência do YouTube subiu 40% a partir do mês de março de 2020. O Google Play, serviço de downloads de aplicativos da gigante do Vale do Silício, registrou aumento de 50% tanto nos downloads quanto no número de apps e jogos disponibilizados.
O servidor da Netflix caiu no dia 23 de março, e especialistas especularam se tratar de um problema causado pelo excesso de tráfego. No Google, as buscas cresceram 13%, e os temas mais procurados relacionavam-se a problemas de adaptação ao home office.
Nós, do Captar Alunos, fizemos uma pesquisa pelo termo “live” no Google Trends. Essa ferramenta registra a tendência de busca no Google por determinadas palavras chave, e nos retornou o seguinte gráfico:
O enorme pico entre os meses de março e junho é imediatamente identificável, mas é difícil esquecer-se dos extremos. Repare que, após o boom de busca por lives no YouTube, Instagram e Facebook, a curva se estabiliza em um patamar que representa cerca de um triplo da média anterior à pandemia.
Esse gráfico reflete perfeitamente uma espécie de aposta que fizemos por aqui, quando tudo começou. A busca por conteúdo de forma geral aumentaria assustadoramente, mas depois voltaria a cair. No entanto, mesmo com o fim da pandemia, ele nunca mais seria a mesma. Veja por quê.
Venda, entrega e reconhecimento de marketing
Enquanto o Brasil liderava o número de lives no mundo, artistas ligados à performance como músicos, bailarinos e atores sentiam grandes dificuldades para dar seguimento às suas carreiras.
O caso deles reflete o que aconteceu com quase todas as empresas ou pessoas físicas: uma aproximação virtual benéfica e vertiginosa acompanhada de números desastrosos na produção e entrega de seus produtos ou serviços.
Ou seja, as vendas e entregas estavam inevitavelmente comprometidas, mas o reconhecimento de marca vivia seu momento mais expressivo em décadas. Conhecidas fabricantes de cerveja e fármacos chegaram a lidar com o problema direcionando seus esforços para a comercialização de álcool em gel, enquanto outras apostavam na produção de máscaras.
Para preparar empresários e indústrias para o que viria a seguir, o termo “economia de guerra” voltou a ser utilizado no Brasil e no mundo, depois de ter sido abandonado após a Segunda Guerra Mundial.
Veja como essa palavra-chave aparece representada no gráfico do Google Trends:
No marketing digital, chamamos de “reconhecimento de marca”, um estágio inicial que envolve uma assimilação por parte de um potencial cliente de uma empresa daquilo que ela oferece.
Ou seja, mesmo que o mundo enfrentasse aquela que viria a se tornar sua maior crise de vendas e entregas para alguns segmentos, a busca pelos serviços e produtos (e pelo conteúdo, de forma geral) pelos consumidores não parava de aumentar.
O conteúdo e a educação
Quando se falava em escolas, cursos e instituições de ensino durante a pandemia, quase sempre era para informar sobre as aulas interrompidas e as dificuldades de pais, alunos e professores de se adaptarem ao ensino a distância.
Isso é curioso, já que o EaD, àquela época, não era nenhuma novidade. No entanto, certas modalidades tinham forçosamente que sofrer mais que outras o impacto, e assim foi sobretudo com a Educação Infantil e os cursos livres presenciais.
Além disso, pouco se falava sobre outros aspectos difíceis de adaptar, como a educação especial e a qualidade dos serviços de videoconferência para o ensino de certas disciplinas como música, artes e Educação Física.
Ou seja, a escola que não se adaptou ao EaD enfrentou o mesmo dilema dos demais setores da economia: uma profusão de buscas por temas educacionais no Google e a dificuldade de adaptar e entregar o serviço relacionado a essas buscas.
O Ensino a Distância, enquanto isso, passava por um crescimento sem precedentes, e sua única preocupação era a inadimplência. Ou seja, a escolha por estudar virtual ou presencialmente tornou-se a necessidade de buscar o EaD imediatamente.
E deve seguir sendo assim na última etapa da pandemia, aquela anterior à descoberta e distribuição de vacinas. Não à toa, o gráfico retornado pela busca do termo “ensino a distância” no Google Trends se assemelha àquele sobre o conteúdo das lives:
E depois desse tempo, não restam dúvidas de que apenas o EaD pode solucionar (ainda que provisoriamente) o problema da entrega dos serviços de educação. Agora, quanto ao papel do conteúdo nesse contexto, ele é igual para qualquer instituição de ensino: indispensável.
Analisando os dados que disponibilizamos aqui, você faz a mesma leitura que nós fizemos? Como avalia o futuro do ensino durante a pandemia? Deixe suas opiniões e impressões nos comentários, e fale também da sua experiência como gestor ao longo desse período.